quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Documentário - O riso dos outros

Excelente documentário para refletirmos sobre a atualidade do humor brasileiro.
Os casos do Rafinha Bastos e do Danilo Gentili chamaram muita atenção ano passado. Homofobia, machismo, preconceito... É essa a cara do humor brasileiro hoje? Tem como ser diferente?
Vale a pena conferir

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

PSOL e Marina vão sair no mesmo cordão no Carnaval de 2014?


               
            Das grandes lições históricas de nuestra América uma é absolutamente fundamental. Nenhum modelo desenvolvimentista pode aguentar por tanto tempo. Assim, depois de um primeiro mandato com muitas medidas de cunho neoliberal, a conjuntura internacional favorável permitiu a Lula, a partir de seu segundo mandato, sobretudo, implementar um modelo neodesenvolvimentista.
            Àquela altura, as parcelas mais à esquerda já haviam rompido com o Partido dos Trabalhadores. O PSOL, fundado lá pra 2004, após a insatisfação com os inícios do governo Lula, ganha corpo em 2005, principalmente após o mensalão. Mas qual era a divergência fundamental? Seria o rechaço ao modelo neoliberal, uma insatisfação com o reformismo ou uma ruptura meramente ética? Como todo partido de tendências, tem de tudo o que é resposta.
            A grande protagonista dessa ruptura foi nada mais nada menos do que Heloísa Helena, e como não lembrar daqueles infindáveis enfrentamentos verbais com ACM? A mulher que chorava ao ver Lula empossado presidente agora concorria pela oposição.
            De qualquer maneira, de lá pra cá, Heloísa Helena se mostrou uma conservadora e retrógrada em diversos pontos, mas este não é o centro deste texto.
            O PSOL então, ganha corpo no auge da crise político-midiática do Mensalão levando no nome o Socialismo e a Liberdade.
2010: Tinha uma pedra no meio do caminho?
            Infelizmente, em 2010, uma Frente de Esquerda com o PCB se viu comprometida pela demora do partido que viveu uma intensa crise interna sobre apoiar ou não a candidatura de Marina Silva, cujo vice era ninguém menos que o dono da Natura. O grupo que pretendia apoiar sua candidatura era capitaneado por Heloísa Helena.
            Durante toda a campanha Marina Silva fez um discurso arroz com feijão que não permitia identificar de que lado estava, enquanto – felizmente o PSOL saiu com a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, mais à esquerda do que nunca antes, diga-se de passagem.
            É verdade que Marina foi uma incansável defensora do meio ambiente ao longo de toda sua vida. O problema é Marina esquivou-se de todos os temas polêmicos que demonstrariam se estava comprometida com as forças progressistas ou com as forças conservadoras. Tudo era jogado para o plebiscito. Nada era desenvolvido a fundo. Que falar então de dívida pública, juros e outros temas que dizem respeito aos privilégios do grande capital no país.
            No final das contas, a candidatura de Marina conseguiu angariar apoio de uma classe média órfã, que deixou de votar no PT a partir do escândalo do mensalão e tinha vergonha de votar no Serra ou no PSDB. Pois, no fim das contas, como escutei de um amigo conservador, “no primeiro turno votar na Marina ou votar no Serra dá na mesma” e, ao contrário do que se esperava, deu segundo turno. Uma acachapante derrota para Serra.
           
Bonitinha, mas ordinária.
            Assim vejo esse discurso da “nova política”. Vamos por partes.
1 - A novíssima política pensa ser possível decidir as coisas por plebiscito.
Ok! Quanto mais participação política melhor. Mas, há um pequeno detalhe. Como se faz a discussão? A burguesia tem o mais absoluto controle da informação e da comunicação no país. Como disse Emir Sader, o que fazemos na internet é delírio. Esses grandes meios impõem sua agenda conservadora dia-a-dia, omitem informações, com seus “especialistas”, cuja especialidade é defender seus pontos de vista.
Nesses termos, é impossível que as partes em disputa estejam em igualdade de condições, já que é isso que os “liberais” pensam que o capitalismo proporciona. A socialização dos meios de comunicação é um eixo fundamental, para a batalha de ideias na sociedade.
2 – O combate à corrupção
A bandeira do combate à corrupção é tradicionalmente uma bandeira da direita, que vê aí a desculpa para seu comportamento golpista. Foi assim com Getúlio em 1954, foi assim com Jango em 1964. Evidentemente que não tem como ser a favor da corrupção, mas ser contra a corrupção, seria como se declarar contra a gripe, ou seja, não diz nada.
É preciso definir o que é corrupção, e quem são os grupos que se beneficiam dessa corrupção. As grandes empreiteiras, as multinacionais do agronegócio, os que engordam com a dívida pública, burocratas do serviço público – o DETRAN que o diga, enfim, é um debate.
Como queremos combater a corrupção sem que as pessoas tenham acesso à informação, sem combater a mentalidade da corrupção, sem refundar esse Estado, sem acabar com o coronelismo?
Não basta uma “nova política”.
Batuque na cozinha, sinhá não quer
Segundo o sociólogo da USP, Ruy Braga em seu último artigo (“desassossego na cozinha” http://boitempoeditorial.wordpress.com/2013/01/21/desassossego-na-cozinha/), o que esperamos para os próximos anos é uma inquietação da nossa classe trabalhadora precarizada. Espero que ele esteja certo. De qualquer modo, a hora não é a de por o pé no freio. Há uma crise estrutural em curso, um modelo neodesenvolvimentista que está prestes a bater no teto, uma situação de baixo desemprego, enfim, há condições para que as mobilizações dos trabalhadores comecem a crescer.
            O PSOL pode não ter um perfil revolucionário, mas possui grande potencial. Não podemos deixar essa semente se perder. Não queremos que aconteça com o PSOL o que aconteceu com o PT. Não precisamos que a história se repita como farsa e que Heloísa Helena seja o Roberto Freire do PSOL. Mas, é isso que acontecerá se o PSOL decidir apoiar Marina Silva, deixando de lado o “socialismo e liberdade” que leva no nome.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Um mulato baiano


            Vai Carlos, ser Marighella na vida!
            “Ninguém precisa amar ou odiar Marighella. Mas é difícil ficar indiferente ao seu épico”. São essas as palavras do capítulo final da biografia escrita por Mário Magalhães sobre o guerrilheiro que incendiou o mundo.
            Partindo da infância na Bahia, passando pela sua formação de consciência política, não descuidando das coisas cotidianas, ao chegar ao fim do percurso, com a triste morte, Marighella já havia advertido que não o pegariam vivo de novo, temos a impressão de ter convivido com o guerrilheiro comunista.
Marighella se apresenta na redação do Jornal do Brasil após ser solto em 1964,
 para falar do período que passou preso.

Além de uma escrita fluida, uma contextualização histórica impecável, o minucioso trabalho do jornalista nos leva a entrar de cabeça no livro, nos envolvendo com uma narrativa cinematográfica. O grande trunfo do escritor é não fazer de Marighella um messias e muito menos caluniá-lo, valendo-se da falsificação da História. Dessa forma, reconhecemos em Marighella um homem de carne e osso, cuja coragem merece ser exaltada, dadas as circunstâncias dos tempos em que viveu.
Comunista "de carteirinha".
Posteriormente abandona o PCB e adere ao combate armado à Ditadura
            O título não é exagerado. Marighella foi o herói de uma geração e seu Minimanual do Guerrilheiro Urbano serviu de inspiração para várias organizações ao redor do mundo, a despeito do fato de que Marighella criticaria alguns de seus métodos.
            Enfim, só posso mais do que recomendar essa obra-prima!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Lênin, o direito incessante de iluminar a terra!



        


            Lukács não podia estar mais certo quando escreveu em 1922, no prefácio do livro História e Consciência de Classe, que o “peso dominante” de Lênin “como político oculta hoje para muitos o papel que teve como teórico”.  E de fato, isso é dominante, em boa medida, até hoje nos círculos pretensamente comunistas, pois aos estalinistas vale mais divulgar as divergências com Trotsky pré-1917, do que discutir a atualidade do capitalismo monopolista.
Florestan Fernandes ressalta – na introdução da coleção “Grandes Cientistas Sociais”, que, após a tomada do poder, “leninismo” virou o mesmo que “seguidor de Lênin”, o que somado à ironia de Nélson Werneck Sodré, de que ainda não inventaram um “marxímetro”, torna esses debates um pouco uma disputa de egos. Aliás, essa introdução é muito rica, sendo uma leitura muito importante.
            Além disso, Lênin também manteve a coerência quando alertou a social-democracia do quão problemático era o apoio àquilo que ficaria conhecida como Primeira Guerra Mundial, uma guerra imperialista, cujo saldo conhecemos bem. Matança entre irmãos de classe, ascensão de regimes fascistas, repressão à classe trabalhadora e uma total capitulação da social-democracia ao capitalismo.
O fato é o de que Lênin foi também, além de grande dirigente, um grande teórico, levando à risca a ortodoxia marxista, no sentido lukacsiano do termo, foi um pensador claramente inovador do pensamento marxista, do contrário, teria prevalecido a corrente social-democrata economicista e o curso da história não seria o mesmo. Não há, como ressalta Florestan Fernandes, ao saldar o Lênin “acadêmico”, nenhuma intenção em despolitizá-lo, pois isso seria impossível, sobretudo para quem faz a análise concreta de situações concretas e, afinal de contas, sem o profundo conhecimento que tinha sobre a Rússia e o minucioso estudo dos textos de Marx e Engels, Lênin jamais teria tomado decisões políticas certas, ao lado dos revolucionários de Outubro. Gramsci exaltaria a maior contribuição de Illitch à Filosofia da práxis, a hegemonia.
            Uma interessante inovação no seio do marxismo introduzida por Lênin é a luta em duas frentes, isto é, uma legal – o que hoje é tido por muitos esquerdistas, já que estamos falando de Lênin, como um “desvio”, ou reformismo puro, e outra clandestina, no contexto de uma Rússia semifeudal, com um governo despótico, em que era impossível organizar um partido de massas. O esquerdismo é apenas uma “doença infantil do comunismo”, dessa forma, o mito da “vontade política”, uma entidade evocada por muitos setores da esquerda, dá lugar a uma teoria do poder, da necessidade da tomada do poder como a única forma possível de transformar a sociedade.
            Lênin se defronta com o problema do desenvolvimento desigual ocasionado pelo imperialismo. Como coloca José Paulo Netto em “O que é marxismo?”, os marxistas se defrontaram com essas “tarefas positivas” (de construção) de organizar a economia e a sociedade de um país subdesenvolvido e arrasado pela guerra. Não bastava mais apenas a crítica da sociedade burguesa. A Rússia tzarista era radicalmente distinta da Europa ocidental, dessa forma, o socialismo teria ali um caráter diferente. As categorias da “via clássica” e da “via prussiana”, esta última, segundo Carlos Nelson Coutinho, sendo uma realidade no Brasil e Lênin é um pioneiro neste sentido, o que faz dele um transformador do marxismo, pensando as formações sociais a partir de reformas vindas de cima para baixo (revolução passiva), com acordos entre setores das classes dominantes eventualmente em desacordo. Como coloca Gramsci, uma determinar uma hierarquia entre Marx e Lênin não tem sentido.
As categorias de Lênin nos chamam atenção para o fato de que as revoluções nos países “atrasados” ou serão socialistas, ou não serão. No nosso caso latino-americano, já se mostrou que a burguesia é dependente do imperialismo, assim como naquela Rússia de 1917, portanto não é progressista, e o golpe civil-militar de 1964 rompeu com o último suspiro de quem se iludiu com a inexistente “burguesia nacional” e as tarefas democráticas terão de ser resolvidas no seio da revolução proletária e já em sentido socialista.
Segundo Charles Wright Mills em “Os marxistas”, uma excelente antologia do marxismo após Marx, a despeito da leitura bastante enviesada de alguns pontos, a morte de Lênin, o fracasso das revoluções na Europa Ocidental e a expulsão de Trotsky em 1929 da Rússia, são os três fatos que marcam o fim do bolchevismo original. A consolidação estalinista levou a um pragmatismo político e intelectual, isto é adaptação das Ciências Sociais e da Economia às “conveniências do dia-a-dia”, o que ocasionou um período em que não se desenvolveu a teoria marxista, e o que se desenvolveu como ponto fora da curva era rapidamente apontado como “desvio”. Se há algo pelo qual Lênin não é responsável, é por aquilo que se convencionou chamar de “marxismo-leninismo”, um esquema dogmático e empoeirado do bloco soviético que impediu o desenvolvimento da teoria revolucionária, pois isso não tem nada de marxiano e muito menos leniniano.
No dia 21/01/1924, falecia este grande pensador, cujo vasto legado só temos a agradecer. Termino deixando uma música do chileno Patricio Manns em homenagem a 1917.

A bordo del pasado yo atravesé la tierra,
los mares solitarios, la vastedad salvaje,
un crepúsculo en llamas, los glaciares perfectos,
la dentellada pura del vendaval marítimo,
hasta San Petersburgo, para encontrar a Lenin.

Aquí caminó alzando su expresivo vocablo,
rehizo muchas veces sus múltiples destierros,
palpó el severo musgo de las cadenas muertas
y construyó en su mesa las luces aurorales,
los fértiles racimos de octubre, fértilmente.

El orgulloso visionario,
el gran demiurgo del corazón soviético,
el hondo capitán llamado
a restaurar el orden de la vida,
paciente como una semilla
se propagó sobre el tiempo y la memoria,
se hizo alfabeto orgánico y rebelde,
acrisoló los hornos del deber.

Con él se despertó su pueblo
llenando de altos martillos la mañana.
El trueno rojo de los cantos
se alzó radiante entre ráfagas de nieve.
Y un mar de mástiles ardiendo
hizo estandarte el fuego que rugía,
hizo constante el peso de la aurora,
estableció las leyes del futuro.

Pueblo es la tierra, pueblo la semilla,
pueblo el agua, la siembra,
el viento y el molino;
pueblo es la letra, pueblo la ventana,
la cosecha, la espuela,
el canto y la palabra,
y suyos son los combates,
suyos los deberes
y el derecho incesante de alumbrar la tierra
con el incendio de sus cárceles.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Gramsci, um comunista do nosso tempo




Gramsci, bem mais do que um grande líder

            No dia 22/01/1891, nascia um grande comunista Antonio Gramsci. Não pretendo aqui fazer um resumão, ou então me debruçar sobre a vida dele, afinal de contas, não tenho capacidade nem para um, nem para outro, tive pouco contato com a obra deste grande dirigente e pensador, e para os interessados sobra Carlos Nelson Coutinho, Nicos Poulantzas e Néstor Kohan para quem quiser estudos mais aprofundados do pensamento de Gramsci, bem como seu desenvolvimento.
            O primeiro contato que tive com Gramsci foi com a desculpa de estudar “O príncipe”, de Maquiavel, para uma prova de ciência política, um texto chamado “A ciência e o príncipe moderno”, e é realmente impressionante como Gramsci consegue pensar o movimento operário, a revolução, a partir de um clássico tão distante do mundo urbano do capitalismo do século XX, que Gramsci conheceu, se há algo do qual ele não era adepto era do dogmatismo. A intenção do Tribunal fascista de impedir que “este cérebro funcionasse por 20 anos” fracassou, felizmente, nem as seguidas doenças na prisão, nem a perda de quase todos os dentes o impediram de estudar e desenvolver a teoria.
            Mais impressionante ainda é como, estando ele na prisão, durante o regime fascista de Mussolini, Gramsci foi capaz de elaborar diversos temas, com uma erudição de deixar muito acadêmico de boca aberta. De fato, Gramsci merece o protagonismo que lhe é dado nas análises marxistas, mas, sobretudo, na ação, pois Gramsci foi um homem de ação, a quem a filosofia da práxis não era apenas uma linha num pedaço de papel.
Quando os Cadernos do cárcere apareceram pela primeira vez foram editados por aquele que era tido como mais estalinista do que o próprio Stalin, Palmiro Togliatti, um dos idealizadores do eurocomunismo.
O papel que o estalinismo quis lhe dar era apenas o de um herói que resistiu bravamente aos suplícios do cárcere, o que não é mentira, mas deixando sempre de ressaltar a sua qualidade teórica e sua simpatia por Trotsy. Em 1926, pouco antes de ser preso, Gramsci redige uma carta alertando sobre as consequências terríveis que as lutas “fratricidas” no interior do PCUS teriam sob o movimento comunista internacional. Togliatti, porém, mostra a carta apenas a Bukhárin e não a seus reais destinatários.
            Infelizmente, Gramsci é tido por muitos como um reformista, no pior sentido da palavra, esquecendo-se de que categorias que ele desenvolveu brilhantemente como a “revolução-passiva” e a “hegemonia”, são conceitos que já estavam presentes em Lênin. Lamentavelmente, suas ideias, sobretudo a de “hegemonia”, foi utilizada como uma desculpa para uma inflexão ao reformismo, ao qual muitos aderiram como alternativa ao fracasso que se constatava ter sido o estalinismo e o burocratismo do Leste Europeu.
Gramsci em verde-e-amarelo
            Carlos Nelson Coutinho falava de forma muito acertada que o Brasil era o lugar por excelência da revolução-passiva, principalmente a célebre frase pronunciada por um dos generais que comandaram a Revolução de 1930, “fazer a revolução antes que o povo a faça”, Néstor Kohan reconhece que não só o Brasil teve essa particularidade, mas também toda América Latina. (Vale dar uma xeretada www.gramsci.org/) .
            Além disso, também temos a nossa “questão meridional”, os partidos à direita sempre tiveram maior votação na região Sul, bem como, historicamente, uma trágica ampliação geográfica, uma questão “setentrional”, como mostra André Singer, em que o subproletariado se alinha ideologicamente com o coronelismo, tendo um caráter conservador. Sem falar no aggiornamento de um certo partido que foi um dia dos trabalhadores.
            O fato é que suas categorias, seu pensamento são fundamentais nas análises políticas de quem pensa a história a partir da luta de classes. A atualidade de Gramsci é assustadora.
            Deixo aqui mais uma das preocupações de Gramsci, a revolução “fora do script”, nos países “atrasados”. Um texto escrito quando seu autor possuía apenas 20 anos: “A revolução contra o capital”, em http://www.marxists.org/portugues/gramsci/1917/04/24.htm (o texto está em galego, mas dá pra entender).

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Poesia em duas pernas...





           “Um deus nos estádios
Abrindo as retrancas,
Um desengonçado
Que as redes balança. [...]
Malasartes do jogo
Driblando zagueiros,
Um bobo pra corte,
Um herói brasileiro.” – Antônio Nóbrega (Flecha Fulniô)
            Eu ia começar dizendo que estou fazendo algo que não costumo neste blog, quando parei pra pensar e descobri que nunca falei aqui dessa grande paixão que tenho, o futebol.
            No dia 20/01/2013 fez 30 da morte daquele que pra mim é mais do que Pelé e Maradona, o Mané Garrincha, que de mané mesmo não tinha absolutamente nada, mas fazia passar por bobos os zagueiros que driblava com as pernas tortas e ágeis.
            Há algo que me comove mais nisso tudo. Garrincha é de uma época em que o futebol ainda era um esporte popular. Se por um lado havia uma cartolagem, por outro não havia uma FIFA, que constitui uma burguesia internacional associada e que faz valer seus interesses com os métodos despóticos do capital. Naquela época, se as pessoas iam de terno e gravata aos estádios, os preços eram para toda a população e não uma exorbitância, o que não condiz com o espírito fraterno que deveria reinar no futebol, o que existe mesmo é um verdadeiro fetichismo da bola.
           
Tenho certeza de que Garrincha estaria muito chateado com o atual nível do futebol, esse futebol-força de tropeções, esbarrões e 1 a 0. Minha homenagem a esse grande craque vai no sentido de festejar um herói das massas, com alma popular, que fazia jorrar poesia daquelas pernas tortas... Salve, Garrincha! Termino deixando um vídeo com a música de Sérgio Ricardo (injustamente vaiada no Festival de 1967), Beto Bom de bola, contando a história do craque que ficou esquecido durante muitos anos.