Belém do
Pará vive um momento de ouro para a esquerda.
O
candidato do PSOL, Edmilson Rodrigues, que já foi prefeito por lá, tem chances
reais de reverter o quadro e ganhar a eleição. Tendo sido apoiado no primeiro
turno pelo PSTU e pelo PCdoB.
Ao
contrário dos mais chegados ao sectarismo infantil, achei muito positivo que no
segundo turno se somassem à candidatura o PT, o PDT (mais precisamente o
senador Cristovam Buarque), PPL e afins.
O
que está em jogo ali é a constituição de uma frente da esquerda para derrotar a
direita retrógrada e reacionária. Verdade seja dita, todos esses partidos têm,
nos últimos anos, tido comportamentos bastante estranhos em relação à própria
história, mas há alguns pontos que devemos nos lembrar para não perder o chão.
O
PSOL é um partido cuja espinha dorsal é o PT. Sendo assim, seu espírito não
poderia ser outro que o do socialismo, da democracia e das lutas populares.
Há uma
avaliação errada por parte de muitos militantes da esquerda de que o PT se
degenerou por completo. Embora haja uma desmobilização da militância, uma
despreocupação com a formação de militantes enorme e falta de trabalho de base,
o Partido possui sim uma base de esquerda, que tradicionalmente votou no PT
desde sempre, mas que está muito insatisfeita com os rumos tomados pelo
Partido.
Acontece que
essa esquerda à esquerda do PT ainda não atingiu um grau de maturidade em que
se pudesse constituir solidamente como uma alternativa de esquerda e quanto a
isso penso que as eleições em Belém (PA) desempenham um papel importantíssimo
para a esquerda.
Primeiro
porque se trata de derrotar um partido que tradicionalmente preferiu se aliar
ao grande capital e que conduziu a maior ofensiva contra os trabalhadores desde
a Ditadura Militar.
Segundo
porque é uma chance que esses partidos à esquerda dessa ‘esquerda tradicional’,
por assim dizer, ou seja, PT, PDT, PSB, tem para conquistar uma base de apoio
que pode fazer muita diferença na constituição de um bloco popular que possa
levar a cabo um projeto de esquerda para o país.
Terceiro
porque quem encabeça essa salada mista é um político cuja trajetória é mais do
que respeitável e é realmente de esquerda.
Fazendo uma
ponte com o Chile. Uma coisa foi quando a Frente Popular chegou, nos anos 1930,
ao poder encabeçada pelo Partido Radical (de cariz pequeno-burguês), o que já
significou um avanço democrático. Outra coisa foi quando uma outra frente se
constituiu com a chamada Unidad Popular, mas dessa vez encabeçada pelo Partido
Socialista (à época revolucionário) e pelo Partido Comunista. Acho que é um
exemplo bastante didático do que pode significar essa união em Belém.
Dessa
perspectiva, acho que nesse momento as rupturas com a candidatura de Edmilson
Rodrigues, sobretudo por parte do PSTU e da corrente CST do PSOL, apenas
atrapalham o desenvolvimento de uma potencial aliança entre as esquerdas, que
precisam perder esse ranço que sempre caracterizou sua desunião mesmo em períodos
críticos da nossa história.
É vital
derrotar o PSDB e a direita em Belém, no Brasil, e fortalecer as candidaturas
de esquerda.
Um comentário:
Desde que não haja nenhuma concessão de pontos programáticos, a aliança é bem vinda.
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