sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Edmilson prefeito e unidade na esquerda





Belém do Pará vive um momento de ouro para a esquerda.
            O candidato do PSOL, Edmilson Rodrigues, que já foi prefeito por lá, tem chances reais de reverter o quadro e ganhar a eleição. Tendo sido apoiado no primeiro turno pelo PSTU e pelo PCdoB.
            Ao contrário dos mais chegados ao sectarismo infantil, achei muito positivo que no segundo turno se somassem à candidatura o PT, o PDT (mais precisamente o senador Cristovam Buarque), PPL e afins.
            O que está em jogo ali é a constituição de uma frente da esquerda para derrotar a direita retrógrada e reacionária. Verdade seja dita, todos esses partidos têm, nos últimos anos, tido comportamentos bastante estranhos em relação à própria história, mas há alguns pontos que devemos nos lembrar para não perder o chão.
            O PSOL é um partido cuja espinha dorsal é o PT. Sendo assim, seu espírito não poderia ser outro que o do socialismo, da democracia e das lutas populares.
Há uma avaliação errada por parte de muitos militantes da esquerda de que o PT se degenerou por completo. Embora haja uma desmobilização da militância, uma despreocupação com a formação de militantes enorme e falta de trabalho de base, o Partido possui sim uma base de esquerda, que tradicionalmente votou no PT desde sempre, mas que está muito insatisfeita com os rumos tomados pelo Partido.
Acontece que essa esquerda à esquerda do PT ainda não atingiu um grau de maturidade em que se pudesse constituir solidamente como uma alternativa de esquerda e quanto a isso penso que as eleições em Belém (PA) desempenham um papel importantíssimo para a esquerda.
Primeiro porque se trata de derrotar um partido que tradicionalmente preferiu se aliar ao grande capital e que conduziu a maior ofensiva contra os trabalhadores desde a Ditadura Militar.
Segundo porque é uma chance que esses partidos à esquerda dessa ‘esquerda tradicional’, por assim dizer, ou seja, PT, PDT, PSB, tem para conquistar uma base de apoio que pode fazer muita diferença na constituição de um bloco popular que possa levar a cabo um projeto de esquerda para o país.
Terceiro porque quem encabeça essa salada mista é um político cuja trajetória é mais do que respeitável e é realmente de esquerda.
Fazendo uma ponte com o Chile. Uma coisa foi quando a Frente Popular chegou, nos anos 1930, ao poder encabeçada pelo Partido Radical (de cariz pequeno-burguês), o que já significou um avanço democrático. Outra coisa foi quando uma outra frente se constituiu com a chamada Unidad Popular, mas dessa vez encabeçada pelo Partido Socialista (à época revolucionário) e pelo Partido Comunista. Acho que é um exemplo bastante didático do que pode significar essa união em Belém.
Dessa perspectiva, acho que nesse momento as rupturas com a candidatura de Edmilson Rodrigues, sobretudo por parte do PSTU e da corrente CST do PSOL, apenas atrapalham o desenvolvimento de uma potencial aliança entre as esquerdas, que precisam perder esse ranço que sempre caracterizou sua desunião mesmo em períodos críticos da nossa história.
É vital derrotar o PSDB e a direita em Belém, no Brasil, e fortalecer as candidaturas de esquerda.

Um comentário:

Rodolfo disse...

Desde que não haja nenhuma concessão de pontos programáticos, a aliança é bem vinda.