sexta-feira, 5 de abril de 2013

Curtinha - Haddad evitou um novo Pinheirinho na Capital



Quando ano passado defendi no segundo turno que a tarefa da esquerda era a de eleger Haddad e derrotar Serra, disse que não tinha ilusões em relação a seu governo. Porém, nem em mil anos eu acreditaria que na cidade de São Paulo o poder público iria intervir em prol da população pobre contra o capital financeiro.
            Semana passada (dia 26/03) pela manhã a Polícia Militar de São Paulo iniciou a desapropriação de um terreno no Jardim Iguatemi, em que vivem aproximadamente 750 famílias, que seriam despejadas, engrossando as estatísticas do nosso já altíssimo déficit habitacional.
            Sabemos que no caso das remoções a violência é a regra e não a exceção. A Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo nos moradores de modo a cumprir a ordem judicial.
            Após o fracasso da negociação com o dono do terreno, Haddad afirmou que decretaria o terreno de utilidade pública e suspendeu a reintegração.
            O ideário da cidade neoliberal, que ganhou muita força nos anos 1990, a privatização do espaço público, são consequências de uma crise civilizatória. Uma cidade que segrega seus pobres e que criminaliza a pobreza. Essa é a cara de São Paulo e de uma grande parte de seus habitantes que reproduzem essa ideologia, essa falsa consciência, essa falsa representação da realidade.
            Não consigo me lembrar de qual foi a última vez em que vi o poder público enfrentar esse ideal de cidade e a especulação. Impossível. Talvez na gestão Erundina. A gestão de Haddad pode ter mil e um defeitos, seu programa pode não estar à altura das necessidades de São Paulo e podemos nos colocar como oposição programática a ele. Mas, não há dúvidas de que esse é realmente um fato positivo, inesperado, e que merece nosso apoio. Haddad esteve à altura de quem o elegeu.

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