quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A esquerda está com Correa



            
            Foi com muito pesar que no site da Fundação Lauro Campos me deparei com uma nota do chamado Movimento Popular Democrático do Equador (http://socialismo.org.br/2013/02/nota-do-mpd-sobre-a-eleicao-no-equador/).
            O Movimento, juntamente com  o indigenista-progressista Pachakutik, o stalinista PCMLE (Partido Comunista Marxista-Leninista de Equador) formam parte do Foro de São Paulo, que oficialmente apoia, com toda a razão Rafael Correa.
            As acusações são as de que o governo de Correa é autoritário e prepotente, que possui compromissos com a direita e as transnacionais, viola os direitos humanos, e também afirmam que tantas ele fez, como no samba de Vinícius e Toquinho, que as massas que da primeira vez resolveram ficar, agora estão descontentes com Correa.
            O método marxista é o de análise concreta de situações concretas, e aqui vale o reducionismo para seguir com o texto, e é o mais adequado para aqueles que pensam a política sob a lente da luta de classes. Exatamente disso carece a análise do MPD, que se permitiu ser utilizado como meio de desestabilização do governo por parte do imperialismo durante o ano de 2012, ignorando a disposição do governo para o diálogo.
            Não foram estes os setores que estiveram na linha de frente, resistindo à tentativa de golpe em 2010, quando o país esteve à beira de um perigoso retrocesso no seu processo de mudanças.
            O povo está com Correa e demonstrou isso em 2010 quando derrotou os golpistas e em 2011 quando o governo foi vitorioso no referendum de 2011, que consultou a população sobre mudanças no sistema jurídico, segurança, meio ambiente, sistema de segurança e o sistema bancário, no sentido de democratizar as relações dessas instituições com a sociedade.
            Quando Correa assumiu a presidência em 2007 suas palavras foram “está chegando ao fim a triste e escura noite do neoliberalismo na América Latina” e isso realmente está ocorrendo. O governo de Correa ainda não é, nem tem como ser, socialista, mas já não está marchando em um sentido capitalista, e isso é um passo importantíssimo. A integração latino-americana, a mobilização popular, isso são logros desse reformismo que podem abrir caminho para a transformação revolucionária e merecem sim o apoio dos socialistas e comunistas.
            A armadilha mais fácil nesses períodos é a de cair no “esquerdismo”, querer dar um passo maior do que as próprias pernas permitem e ao fazer isso a Unidade Plurinacional das Esquerdas cairá no isolamento político, assumindo um papel irresponsável.
            É claro que há muito o que ser feito no Equador e que o governo Correa não é infalível, mas é exatamente porque há muito para ser feito que ele precisa ser eleito, para que a noite neoliberal esteja cada vez mais próxima do fim.

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