Foi com muito pesar que no site da Fundação
Lauro Campos me deparei com uma nota do chamado Movimento Popular Democrático
do Equador (http://socialismo.org.br/2013/02/nota-do-mpd-sobre-a-eleicao-no-equador/).
O
Movimento, juntamente com o indigenista-progressista
Pachakutik, o stalinista PCMLE (Partido Comunista Marxista-Leninista de
Equador) formam parte do Foro de São Paulo, que oficialmente apoia, com toda a
razão Rafael Correa.
As
acusações são as de que o governo de Correa é autoritário e prepotente, que
possui compromissos com a direita e as transnacionais, viola os direitos
humanos, e também afirmam que tantas ele fez, como no samba de Vinícius e
Toquinho, que as massas que da primeira vez resolveram ficar, agora estão
descontentes com Correa.
O
método marxista é o de análise concreta de situações concretas, e aqui vale o
reducionismo para seguir com o texto, e é o mais adequado para aqueles que
pensam a política sob a lente da luta de classes. Exatamente disso carece a
análise do MPD, que se permitiu ser utilizado como meio de desestabilização do
governo por parte do imperialismo durante o ano de 2012, ignorando a disposição
do governo para o diálogo.
Não
foram estes os setores que estiveram na linha de frente, resistindo à tentativa
de golpe em 2010, quando o país esteve à beira de um perigoso retrocesso no seu
processo de mudanças.
O
povo está com Correa e demonstrou isso em 2010 quando derrotou os golpistas e
em 2011 quando o governo foi vitorioso no referendum de 2011, que consultou a
população sobre mudanças no sistema jurídico, segurança, meio ambiente, sistema
de segurança e o sistema bancário, no sentido de democratizar as relações
dessas instituições com a sociedade.
Quando
Correa assumiu a presidência em 2007 suas palavras foram “está chegando ao fim
a triste e escura noite do neoliberalismo na América Latina” e isso realmente
está ocorrendo. O governo de Correa ainda não é, nem tem como ser, socialista,
mas já não está marchando em um sentido capitalista, e isso é um passo
importantíssimo. A integração latino-americana, a mobilização popular, isso são
logros desse reformismo que podem abrir caminho para a transformação
revolucionária e merecem sim o apoio dos socialistas e comunistas.
A
armadilha mais fácil nesses períodos é a de cair no “esquerdismo”, querer dar
um passo maior do que as próprias pernas permitem e ao fazer isso a Unidade
Plurinacional das Esquerdas cairá no isolamento político, assumindo um papel
irresponsável.
É
claro que há muito o que ser feito no Equador e que o governo Correa não é
infalível, mas é exatamente porque há muito para ser feito que ele precisa ser
eleito, para que a noite neoliberal esteja cada vez mais próxima do fim.
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