E é bem no
estilo elitista da República Velha que o PSDB está dividido entre mineiros e
paulistas. A “tchurma paulista”, liderada por figurões obsoletos como José
Serra e Geraldo Alckmin percebeu que seu tempo se esgotou, principalmente após
terem arrebentado o bico em dois “postes do Lula”, Dilma (em 2010) e Fernando
Haddad (em São Paulo, 2012).
O fato é que
ninguém aguenta mais o Serra.
Desse
furacão, desponta uma estrela cadente sem rumo, nem brilho, Aécio Neves. O
ex-governador de Minas Gerais, rapazote arrumadinho, que gosta de curtir a vida
no Rio de Janeiro, é a principal aposta para a “renovação” do Partido, que deve
realizar mais umas convenções e chás da tarde para definir como se portará nas
eleições de 2014.
Evidente que
é muito cedo para tecer qualquer comentário. Mas o que é possível afirmar desde
já é que desde 2006 esse setor direita brasileira, PSDB e DEM, e o PPS que vive
a reboque dos dois, estão numa crise sem precedentes.
A crise da oposição de direita
O discurso
moralista alcança apenas um setor que nunca foi petista, que tradicionalmente
votava nos candidatos à direita. Também pesa o legado deixado por Fernando
Henrique Cardoso em seu governo, cujas políticas de cunho neoliberal fizeram
tão mal ao país que José Serra, candidato em 2002, fez de tudo para se
desvencilhar de sua imagem, como fez também Alckmin em 2006, e novamente Serra
em 2010.
A aposta de
que o governo Lula não conseguiria gerir a política econômica sem sobressaltos
para o empresariado não se concretizou. Os índices se mantiveram calmos para o
grande capital, sem que fossem necessários grandes arrochos salariais que
levassem à revolta a classe trabalhadora.
Os programas
sociais foram ampliados e criaram uma capacidade de consumo sem precedentes
para as classes populares, o que dá a elas um certo sentimento de inclusão. Neste
ponto principal se encontram dois empecilhos para este bloco neoliberal (PSDB,
DEM, PPS). O suporte que esses partidos deram às oligarquias no nordeste também
é um empecilho para seu crescimento nessas regiões.
O primeiro é o de que quando começaram a ser
implementados programas como o Bolsa Família e o ProUni, esses partidos não
tardaram em tachar de práticas populistas, e a vociferarem contra com um
discurso que não visava outra coisa senão continuar com o apoio da classe média
mais conservadora, o que os leva a serem vistos – com muita razão, como uma
ameaça para as classes mais baixas. O segundo é que ao perceberem a falha
passaram eles mesmos a adotarem um discurso populista, o outrora crítico do
assistencialismo “populista” Serra prometeu aumentar e dar 13º do Bolsa
Família, bem como um aumento generoso do salário mínimo bem acima do que era
proposto por Dilma, claro que nos 48 do segundo tempo da campanha presidencial.
Futurologia: Chutes e palpites
Não sei se é
boa ou ruim essa crise. Se por um lado é a chance de que a esquerda consiga
enfraquecer um setor da direita, por outro isso coincide com iniciativas como a
refundação do ARENA, o aumento do fundamentalismo religioso, e uma
“autonomização” de setores da direita que estão na coalizão do Governo Federal,
como o PP e o PRB (este último com o “susto Russomano” – e não surto, que se
deu aqui em São Paulo).
A
renovação do PSDB deve ser acompanhada de perto pelos setores da esquerda
interessados em saber qual será a reconfiguração no discurso, se é que haverá,
para poder fazer frente àqueles que querem se apresentar como alternativa ao
que está aí sem sê-lo de verdade.
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