quinta-feira, 22 de novembro de 2012

PSDB é café-com-leite





E é bem no estilo elitista da República Velha que o PSDB está dividido entre mineiros e paulistas. A “tchurma paulista”, liderada por figurões obsoletos como José Serra e Geraldo Alckmin percebeu que seu tempo se esgotou, principalmente após terem arrebentado o bico em dois “postes do Lula”, Dilma (em 2010) e Fernando Haddad (em São Paulo, 2012).
O fato é que ninguém aguenta mais o Serra.
Desse furacão, desponta uma estrela cadente sem rumo, nem brilho, Aécio Neves. O ex-governador de Minas Gerais, rapazote arrumadinho, que gosta de curtir a vida no Rio de Janeiro, é a principal aposta para a “renovação” do Partido, que deve realizar mais umas convenções e chás da tarde para definir como se portará nas eleições de 2014.
Evidente que é muito cedo para tecer qualquer comentário. Mas o que é possível afirmar desde já é que desde 2006 esse setor direita brasileira, PSDB e DEM, e o PPS que vive a reboque dos dois, estão numa crise sem precedentes.
A crise da oposição de direita
O discurso moralista alcança apenas um setor que nunca foi petista, que tradicionalmente votava nos candidatos à direita. Também pesa o legado deixado por Fernando Henrique Cardoso em seu governo, cujas políticas de cunho neoliberal fizeram tão mal ao país que José Serra, candidato em 2002, fez de tudo para se desvencilhar de sua imagem, como fez também Alckmin em 2006, e novamente Serra em 2010.
A aposta de que o governo Lula não conseguiria gerir a política econômica sem sobressaltos para o empresariado não se concretizou. Os índices se mantiveram calmos para o grande capital, sem que fossem necessários grandes arrochos salariais que levassem à revolta a classe trabalhadora.
Os programas sociais foram ampliados e criaram uma capacidade de consumo sem precedentes para as classes populares, o que dá a elas um certo sentimento de inclusão. Neste ponto principal se encontram dois empecilhos para este bloco neoliberal (PSDB, DEM, PPS). O suporte que esses partidos deram às oligarquias no nordeste também é um empecilho para seu crescimento nessas regiões.
 O primeiro é o de que quando começaram a ser implementados programas como o Bolsa Família e o ProUni, esses partidos não tardaram em tachar de práticas populistas, e a vociferarem contra com um discurso que não visava outra coisa senão continuar com o apoio da classe média mais conservadora, o que os leva a serem vistos – com muita razão, como uma ameaça para as classes mais baixas. O segundo é que ao perceberem a falha passaram eles mesmos a adotarem um discurso populista, o outrora crítico do assistencialismo “populista” Serra prometeu aumentar e dar 13º do Bolsa Família, bem como um aumento generoso do salário mínimo bem acima do que era proposto por Dilma, claro que nos 48 do segundo tempo da campanha presidencial.
Futurologia: Chutes e palpites

Não sei se é boa ou ruim essa crise. Se por um lado é a chance de que a esquerda consiga enfraquecer um setor da direita, por outro isso coincide com iniciativas como a refundação do ARENA, o aumento do fundamentalismo religioso, e uma “autonomização” de setores da direita que estão na coalizão do Governo Federal, como o PP e o PRB (este último com o “susto Russomano” – e não surto, que se deu aqui em São Paulo).
            A renovação do PSDB deve ser acompanhada de perto pelos setores da esquerda interessados em saber qual será a reconfiguração no discurso, se é que haverá, para poder fazer frente àqueles que querem se apresentar como alternativa ao que está aí sem sê-lo de verdade.

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